Hoje é dia de Greve Geral, nacional, transversal e alargada. É não só justo como importante que os cidadãos demonstrem o seu descontentamento, emboram sejam diversas as razões de cada um, com total liberdade para escolher. No entanto, o que me questiono nestes dias é se existem consequências efectivas a partir desta greve.
Para os trabalhadores não existirão: os cortes salariais da função pública manter-se-ão, o aumento de impostos também, o agravamento do IRS igualmente... e para os sindicatos e para os partidos mobilizadores desta greve pouco se acrescentará na sua intenção de desgastar o governo, porque o desgaste do governo é evidente perante medidas impopulares e uma situação financeira dramática.
Então o que muda no dia depois de hoje? Nada!
O governo manterá as medidas de austeridade, porque são necessárias, urgentes e incondicionais. O governo continuará a governar, embora desgastado, sem maioria e dependente de convergências, em fuga de uma crise política que agrave a situação. O governo continuará a ignorar as reivindicações dos sindicatos, porque são irreais. O governo e a oposição continuarão a desentenderem-se, porque desejam coisas diferentes. Os sindicatos irão vangloriar-se da maior greve geral de sempre, a mais alargada e participada pelos variados sectores...
Mas amanhã, no dia depois da greve geral, o país continuará o mesmo, com os mesmos problemas, talvez mais pobre muitas centenas de milhões de euros por efeito da paralisação, os mercados manter-se-ão desconfiados, os credores expectantes e os investidores incrédulos e os portugueses não sei se se sentirão mais aliviados. Mas amanhã poder-se-á dizer que a greve geral não trouxe nada de novo... infelizmente ou não, saberemos muito mais tarde!
Sem comentários:
Enviar um comentário