A pretensão de Paulo Portas e do CDS-PP de que possam com o PSD formar uma coligação pré-eleitoral, anunciando no tempo a intenção de eleições antecipadas, é um género de ensaio entre o esperto e o demagogo, que serve pelo menos dois objectivos: sondar a opinião pública sobre a sua viabilidade e relembrar o PSD que o CDS anda por aí. É verdade que o PSD responde com igual desejo de ensaio: considera a situação extemporânea e inadequada, pois significaria para já uma crise política. Mas o PSD deseja a crise política e ambiciona o governo antes de 2013. Por várias razões de poder, entre elas o reconhecimento de que até 2013 será dificil aguentar a liderança de Passos Coelho sem que se perceba o seu vazio.
Numa e noutra situação revelam-se interesses de poder indisfarçáveis. Apressados? Não, de todo. Muito bem coordenados e com uma agenda intima bem consolidada. E que razões estão por detrás destas estratégias? A noção, comum, de que a reeleição de Cavaco foi uma derrota de Sócrates e a confirmação da consolidação do eleitorado na Direita. É um género de ensaio sobre o ensaio, mas este demasiado especulativo e aritmético, sabendo nós que nem a especulação ganha eleições e nem as eleições se ganham com aritmética. Ganham-se no tempo próprio, com ideias e alternativas. Mas nunca substimando o adversário. E Sócrates e Cavaco não devem ser substimados, nem por Paulo Portas, esse mestre da estratégia política.
Foto: SOL
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