3 de dezembro de 2010

UM ESTADO SEM FORÇA

A decisão do Governo Regional do Açores de compensar os funcionários públicos regionais pelo corte dos vencimentos impostos por uma lei de austeridade a que todos estão obrigados não tem nem justificação nem sequer é aceitável. Por muito que Carlos César deseje explicar o inexplicável com um argumento gratuito de que não são imputados custos ao Estado, a verdade é que o que está é em causa não é só o dinheiro: trata-se de uma questão de principio moral, de solidariedade e de dever.

Atribuir uma excepção nos Açores é promover um desequilibrio entre portugueses, contrariando os valores da solidariedade e da igualdade, com consequências graves na afirmação do Estado de Democrático.

Chegamos a um ponto tal em que os homens da coisa pública já não o são, vivem no egocentrismo das suas vaidades e das ambições eleitorais. Atingimos o cumulo da irresponsabilidade passar a ser normalidade e parece que neste país cada qual pode fazer o que lhe apetece sem que alguém ponha ordem aos disparates. Não entendo como é possível, agora Carlos César e outros noutras situações, não haver consequências e responsabilização exemplar, para que todos percebamos que de facto isto é para cumprir em nome do futuro de Portugal. Nem Primeiro-ministro nem Presidente da República são inocentes nestas matérias, infelizmente.

Mas, excepção atrás de excepção a regra deixará de existir e mais dia menos dia o Estado deixará de ter forças morais e éticas para exigir seja o que for a quem quer que seja. E é assim que se inicia o declinio das democracias... quando os povos deixam de acreditar na seriedade dos sistemas e nos homens que governam.

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