O PSD e Pedro Passos Coelho (PPC) anunciaram um pacotes de propostas para viabilizar o Orçamento de Estado (OE), não querendo querer viabilizar. E o que propõem é um pacote de desesperante hipócrisia.
Para o líder do PSD as suas propostas, consideradas por si fundamentais e de melhoria significativa, não são razão para aprovar o OE. Pois bem, ou o PSD, "não desejando uma crise política", se abstém e viabiliza o documento e não se compromete com ele, deixando o ónus para o governo, ou o PSD apresentando as suas propostas e desejando - impondo - que sejam consideradas se compromete e aprova o OE, votando favoravelmente.
Mas nada disto está em causa para o PSD. Prefere nesta altura recuar num discurso extremista que criou e responsabilizar o governo e o PS num "braço de ferro" virtual.
O que PPC veio agora dizer poderia ter feito há mais tempo: evitar o desgaste de um processo importante e que está a ser auscultado em Portugal e no Estrangeiro.
No entanto PPC está agora na pior posição em que um líder pode e deseja estar: é refém das suas próprias palavras, do seu discurso, da estratégia e da vontade de poder. E esta situação, que o próprio criou, já entendemos que não lhe serve, mas também sabemos que nunca serviu os interesses do país.
O PSD tem ainda a responsabilidade de não permitir que as suas propostas sejam entendidas como generalidades. É preciso quantificá-las, dar-lhes cabimento e clarificar consequências na economia e suporte financeiro nas contas do Estado. O PSD não escolheu, uma vez mais, o caminho da responsabilidade, ainda que se entenda que o seu desejo é apenas o de aproveitar uma virtual oportunidade de conquistar poder.
Este é o OE possível, admitindo que num ou noutro aspecto pode ser melhorado e reflectido, mas não está distante do que é fazível e do que importa sinalizar junto dos mercados financeiros internacionais. E perante isto o PSD cultivou o tabú do OE como única diferença com a restante oposição: PCP, BE, PEV, CDS.
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