2 de março de 2009

Comprometer a essência!



O Presidente da República, Cavaco Silva, vetou hoje o decreto que aprova a Lei do pluralismo e da não concentração dos meios de comunicação social, com os argumentos de que tal medida está a ser estudada no âmbito da União Europeia e por isso não haver, no seu entendimento, necessidade urgente para tal lei em Portugal; por entender também que desta futura norma comunitária deve partir uma base de harmonia legal no espaço europeu; por considerar importante salvaguardar a viabilidade das empresas em causa; e por entender não existirem garantias da defesa da liberdade de expressão e da aplicação dos princípios do pluralismo.

Esta decisão do PR é, na minha opinião, desajustada e desenraizada do espírito da lei que o decreto em causa se propunha implementar e corrigir. Aliás os argumentos de Cavaco Silva são atípicos e incoerentes quanto a matérias mais importantes que respeitam à qualidade de vida dos portugueses e à viabilidade das empresas, em geral.

Mas esta decisão do PR, a que o PS promete uma avaliação cuidada e oportuna decisão, favorece os interesses do PCP, no caso do Diário do Alentejo, e do PSD-Madeira, no caso do Jornal da Madeira. Mas aqueles, que como eu, que defendem esta correcção e uma lei que promova o efectivo pluralismo e a não tendência na expressão das ideias não devem desanimar. Porque se trata de um processo em aberto que merece, agora mais que nunca, o apoio e o empenho da sociedade e da classe política.

Esta resolução é um retrocesso no plano da legitimação democrática dos meios de comunicação social, na protecção da liberdade de expressão e na salvaguarda do pluralismo de ideias. Se Cavaco quisesse reflectir, profundamente, sobre a viabilização das empresas do sector, e eventual surgimento de outras, perceberia que um dos factores de concorrência desleal é exactamente o facto das empresas mencionadas sobreviverem com publicidade institucional dos seus proprietários, para além da sustentação das mesmas, independentemente dos resultados de gestão. E isto sim é comprometedor e inadequado num estado de direito onde as oportunidades não são iguais às praticadas no restante espaço europeu. Ao contrário do que argumenta Cavaco Silva!

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