Foto de Madalena Palma
Quem houve falar Cavaco Silva fica com a sensação de que enquanto Primeiro-ministro governou apenas pelas coisas boas: iniciou alqueva não o tendo feito, mobilizou agricultores e defendeu a agricultura ignorando as maiores constestações do sector, defendeu a coesão territorial acentuando diferenças entre litoral e interior, foi rigoroso nas contas públicas embora tenham sido dos anos com maior crescimento do défice e do endividamento.
CS assume-se como o arauto da esperança e das coisas boas. Mas não o é! É um político igual aos outros, com grandes responsabilidades no estado do país. Enquanto governante, que agora quer escamotear pelo tempo da memória, mas também enquanto Presidente da República: relembro o caso das escutas, as sucessivas promolgações com dúvidas que as fragilizam e dividem a sociedade e em determinada altura uma total cooperação estratégica com a então líder do PSD Manuela Ferreira Leite.
Que Cavaco seja o provável eleito a 23 de Janeiro não o questiono, que a tradição aliada à má qualidade dos seus concorrentes o ajudem a ser reeleito compreende-se, mas fazer de CS um ser superior e insubstituível em Portugal já o estranho. Sobretudo se o próprio está convencido que representa aquilo que não o é de facto. Ouvir o que ouvi CS dizer ontem em Beja sobre a nossa terra e lembrar-me do que era esta região em 1995 e o que é agora faz-me pensar na qualidade dos políticos reféns das eleições. Porque se este governo tem defeitos e se o PS é atacável em erros cometidos não o será por ter abandonado esta região, não quis fazer dela uma profundidade etérea como Cavaco o fez. Pelo contrário, desde 1995 a transformção é notável e só se conseguiu porque CS não era Primeiro-ministro.
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