Sinto orgulho da minha cidade, a minha terra. Nem sempre o senti, confesso. Muitas vezes me questionei sobre o seu caminho, as suas opções e a sua passividade. Um género de "deixa andar" que nos ia afastando das coisas, que repelia as oportunidades para se afirmar, se não melhor, pelo menos diferente das outras cidades. Adormecemos, durante anos, num discurso de que não eramos como os outros, resignamo-nos durante décadas a um destino proviciano, resistimos cruelmente à inovação e à criatividade, perdemo-nos no caminho fácil da critíca e fomos definhando. Nem tudo o que representa o passado de Beja nos últimos 30 anos foi mal feito ou mal pensado. Pelo contrário, muitas coisas boas aconteceram. Mas a atitude acritíca aborrecia-me, como algumas vezes afirmei.
Agora sinto um enorme orgulho em Beja e gostava que o soubessem, desejo até que para além da fronteira da minha cidade o saibam. Por uma razão pequena, mas é a partir das pequenas coisas que construimos as coisas grandes. Beja reencontrou-se com a sua Gente, com o seu Povo. Reencontrou-se consigo mesma e com o seu passado, com as ruas apertadas e com os casarios desertos. Beja encheu-se de vida e de vozes. Beja ecoou numa noite inteira de festa. E tudo aconteceu, ironia do destino, no primeiro dia do ano em que a esperança nos faz falta. E tenho a esperança de não perder o orgulho de ser de Beja.
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