11 de novembro de 2010

O ESTADO E AQUELES QUE FAZEM O ESTADO


Segundo uma notícia da SIC detectaram-se casos de médicos que solicitando licença sem vencimento são de novo contratados pelos hospitais por um valor superior para fazer o mesmo serviço, um género de outsourcing.

O argumento defendido é o de que esta solução serve para impedir a debandada de médicos para o privado, onde lhes são oferecidas melhores condições financeiras. No entanto não é mais que a multiplicação do problema. Por regra, em Portugal, quando se enfrenta um problema soluciona-se o mesmo com a criação de um outro ao lado, com a desculpa leviana e irresponsável do "mal menor".

Muitos de nós, se não a totalidade, conhecemos casos de médicos que no privado nos indicam o público para realizar os exames, imputando a este a despesa, ou que influenciam os utentes do público a recorrer ao privado para tratamentos mais céleres, e caros claro, e por aí em diante...

Sinceramente não me interessa a legalidade ou não desse processo. Muitos dos abusos que ocorrem em Portugal não têm só a ver com dinheiro: é preciso moralizar o sistema público e não permitir que casos de injustiça e de desigualdade entre cidadãos e profissionais sucedam à custa de dinheiros públicos.

Mas o Estado, por culpa de governantes sem coragem, é refém de corporações que se julgam acima dos interesses nacionais, sem respeito pela moral e sem dedicação ao serviço público. E assim vai um país sem vontade e sem esperança...

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