Brisa Fresca: de verdade e transparência

Foto: Rádio Pax

A polémica em torno da adesão irregular da Câmara Municipal de Alcácer do Sal (CMAC) à Associação de Municípios do Distrito de Beja (AMDB) esgota-se no caso em que esta associação já não existe e também no facto de ser inconsequente agir na regularização do que seja, depois de sete anos. No entanto, poderia o PS, na altura prejudicado na sua acção governativa da AMDB, requerer a nulidade dos actos deliberados, e muitas foram as polémicas. Mas isso seria, como diz o povo, “chover no molhado”. Há ainda uma questão: fica comprovada a importância de se cumprir a lei, de a aplicar com rigor e acima de quaisquer interesses partidários de gestão e de equilíbrio de poderes. Serve a prova para o PCP, e não só.

No meio desta confusão surge uma voz moderada e corajosa: Lopes Guerreiro, na altura Presidente cessante da Câmara Municipal de Alvito, declarou à Rádio Pax que nessa reunião “sensibilizou” os seus camaradas de partido (PCP) para que não votassem, naquelas circunstâncias de gestão corrente, a adesão da CMAC. Fê-lo por “respeito ético e espírito democrático”. E que no final acabaram por votar favoravelmente a proposta para “acatar a orientação e a disciplina partidária”. E a partir daqui não é preciso acrescentar mais nada quanto às responsabilidades.

A sua atitude não me surpreende. Do que lhe reconheço Lopes Guerreiro é um homem de valores, com princípios e pensamento próprio. A sua coragem de dizer as coisas, mesmo quando são incómodas para o seu partido, nasce de uma vontade de construir em vez de destruir. E é de registar estas declarações e o sentido de verdade que Lopes Guerreiro trás à política. Dirão alguns: só o beneficia! Também, mas o facto é que nos beneficia a todos, sobretudo uma classe política desacreditada.

E numa altura em que é fácil dizer mal dos outros, desvalorizar os que pensam diferente dos colectivos, de criticar por rótulo partidário as pessoas, parece-me justo elogiar Lopes Guerreiro e agradecer-lhe este esclarecimento incómodo. Seria bom que o PCP o soubesse fazer também. Reconhecendo os seus erros e valorizando os seus quadros de extraordinária competência ética e intelectual.