3 de fevereiro de 2009

Auto-estradas e Auto-flagelações

Imagem: Estradas da Planície


A adjudicação do IP8, futura A26 – Auto-estrada do Baixo Alentejo, foi formalizada no passado sábado pelo primeiro-ministro em Ferreira do Alentejo. Convém referir dois aspectos fundamentais deste processo: a importância desta via de comunicação e o seu impacto na região; o provincianismo dos que gerem eleitoralmente as questões, tornando-as acessórias para o nosso futuro.

Com a construção desta via a região dará um salto qualitativo em termos económico-sociais. Promove-se a coesão territorial, encurta-se o tempo de viagem entre os diferentes pólos: Beja passa a estar a menos 34 minutos de Sines e menos 26 minutos de Lisboa, de Évora e Portalegre. Diminui-se a taxa de sinistralidade e garantem-se melhores condições de segurança e de conforto.

Mas é um facto que todos beneficiaremos com este equipamento: empresários e empresas têm um instrumento que lhes facilita a competitividade, novas empresas e inovadoras áreas de negócio podem ser criadas, melhoram os cuidados de saúde aproximando e potenciando as diferentes respostas existentes e segundo o estudo de viabilidade económica, para além do retorno financeiro do estado, entre as duas principais corolas, Beja e Sines, surgirá nos próximos anos um crescimento populacional entre 45 mil e 65 mil pessoas. Impressionante o suficiente para rebater os argumentos dos mais cépticos.

Mas nem tudo são rosas, como diz o povo. Os autarcas do PCP não compareceram na cerimónia: por coincidência ou por protesto. Se foi coincidência, e conhecendo o PCP, foi programada. Se foi protesto desconhecem-se os argumentos da reivindicação. Quer dizer, desconhecem-se os que poderíamos considerar válidos, porque enciumar pela escolha de Ferreira do Alentejo é de somenos importância e indefensável como argumento; e também porque não comparecer fundamentando que defendem uma via com ligação directa a Vila Verde de Ficalho é uma justificação irresponsável. Por não ser prioritária, mas que será feita.

Mas em tudo isto nada do que o PCP possa impor como estratégia de combate político é de desconsiderar. Pode ser inválido, e é. Pode ser irreal, e é. Pode ser desprestigiante para o próprio PCP, e é. Mas é o PCP que o defende, então passa a ter uma razão de superior interesse nacional. O que quero dizer com tudo isto é que durante anos o PCP usou este projecto para criticar e erguer bandeiras, fê-lo sempre – e não me compete questionar o carácter das suas convicções e motivações – com total e absoluta legitimidade. Mas de cada vez que os projectos que o PCP reivindica são executados os comunistas afastam-se deles, desresponsabilizam-se, criam um cenário de dúvidas e de incertezas. Promovem atitudes incompreensíveis e que têm no acessório toda a sua razão de ser.

O que o PCP continua a não entender é que o que o povo quer saber de si é o seu real pensamento sobre as coisas. O que defende, do principio ao fim dos processos, quais as utilidades e qual a sua responsabilidade no desenvolvimento. Porque se o PCP julga que se reinventa apenas no queixume e na crítica está muito enganado. Porque por aqui já não engana muita gente: vamos ter IP8 e a única coisa que não se sabe é se o PCP ainda acredita neste projecto.

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