4 de fevereiro de 2009

Pasta de dentes



Se fizermos uma reflexão simples, mas atenta, sobre o funcionamento das coisas e o conteúdo de certos discursos, percebemos com facilidade que esta coisa de se construir uma região única do Alentejo não é nada ingénua. E neste caso não existe qualquer exclusividade do PS/Baixo Alentejo nas responsabilidades. No fundo o único erro cometido pelos dirigentes socialistas é serem ingénuos e o suficientemente incapazes de influenciar onde quer que seja. Mas no que respeita à reflexão importa pensarmos no seguinte:

Estrategicamente, sob protestos públicos frágeis, foram-se levando para Évora serviços e poderes regionais. E de Évora surgiram, discretamente, posições de relevo nas estruturas do poder. Se olharmos para o quadro das direcções regionais e dos serviços da administração constataremos uma posição do Baixo Alentejo praticamente residual e longe das influências estratégicas, com uma honrosa excepção: o Director Regional de Economia. E nesta matéria somos cada vez mais confrontados com a resignação do facto consumado.

E nos discursos actuais lemos e ouvimos uma tendenciosa, e nada ingénua, estratégia de nos passar a ideia do Alentejo, como modelo consensual e de coesão territorial. No fundo estão a querer vender-nos uma solução que não defendemos, como se nos estivessem a vender uma pasta de dentes. E mais grave que nos tratarem como elementos estatísticos de uma campanha de marketing comercial é o facto de estarem a querer branquear as suas responsabilidades no vazio político em que se transformou a nossa região. Ou seja, querem-nos impingir uma pasta de dentes vazia, sem dentífrico, sem utilidade, porque os dentes estão tratados e brilhantes noutras bocas.

Não querendo abusar da vossa paciência para o tema, mas decidido a não deixar passar em claro a defesa da minha região, recuso quaisquer pastas de dentes que não a que tenho por direito próprio e natural. E por isso estou disponível para as mobilizações necessárias em defesa do Baixo Alentejo. Poderemos ser derrotados, mas será com a bandeira na mão. Com convicção e sem publicidade enganosa.

Portanto não me parecem importantes ou sérias as defesas ficcionadas do PCP em relação a Beja ou à região do Baixo Alentejo. Porque desde há muito que entre o Comité Central e a DORBE manda o Organização de Évora, e isto é importante que não caia no esquecimento e se considere no juízo de decisão dos baixo alentejanos.

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