9 de janeiro de 2009

Ponto e virgula


Foto: Voz da Planicie


Em entrevista ao semanário “Correio Alentejo” Francisco Santos, Presidente da Câmara Municipal de Beja, aborda com interessante cuidado os projectos, que a seu ver, são importantes desenvolver no Concelho de Beja. Fala dos congestionamentos provocados pelo QREN, do Orçamento e das Opções do Plano para 2009 e revela a inexistência de uma decisão sobre a sua recandidatura.

Tenho de Francisco Santos uma opinião positiva, assumo a admiração e estima pessoais, bem como reconheço divergências na forma de perspectivar o desenvolvimento do Concelho. Mas é merecido reconhecer que Francisco Santos é um político interessado no melhor para a cidade, pelo menos de acordo com o seu código ideológico. E errados estão aqueles que confundem o essencial com o acessório!

Defendi publicamente noutro fórum que o Orçamento Municipal deveria merecer o benefício da dúvida, e não ficaria mal aos partidos da oposição (PS e PSD) votar abstendo-se. Não me parece consequente votar contra um orçamento quando se sabe que os orçamentos, para além de previsões, são o que são e são o que podem ser. Já no que respeita às grandes opções do plano – ou seja, o que fazer com o orçamento – serão legítimas as divergências, e essas deveriam ter sido devidamente fundamentadas. Ainda assim, é preciso compreender que as opções do plano competem a quem exerce o poder.

No que respeita ao QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional – o atraso incompreensível e inaceitável não prejudica apenas a Câmara de Beja. Todos os autarcas e outros organismos da sociedade vêm a sua acção ser arrastada em adiamentos sucessivos, tal a dependência destes fundos. E esta questão deve ser vista numa perspectiva muito mais genérica e sem dar azo a acusações partidárias. Não partilho das queixas de Francisco Santos sobre investimentos que deveriam ter vindo para Beja e que não vêm por razões meramente políticas: ao longo da última década o investimento comunitário e nacional no Concelho é extraordinário e relevante. Nunca, em situação alguma, me pareceu ou tive conhecimento de haver a intenção de bloquear projectos em Beja por conveniência partidária. Essa é, mais que uma crítica injusta, uma suspeita infundada do Presidente da Câmara de Beja.

O outro dado relevante desta entrevista respeita à indecisão da recandidatura, ora por parte dos órgãos do PCP, ora por parte do próprio. Convém afirmar que acredito na recandidatura de Francisco Santos: porque me parece legítima e suportada por um trabalho de 4 anos (a concluir) que merece a avaliação democrática. Em nada é objectável a acção de Francisco Santos a ponto do PCP não apoiar a sua recandidatura. Se não for uma decisão de foro pessoal, tornar-se-á difícil justificar, por parte do PCP, outra escolha que não a do actual Presidente. Outra coisa será o processo eleitoral e a legitima força dos eleitores para decidir como lhes convier. Francisco Santos deve dar conta do seu trabalho aos eleitores e tem o direito de se disponibilizar para defender o projecto em que acredita.

Nos próximos meses estarão em disputa não só pessoas, mas também e sobretudo, ideias e projectos, estilos de liderança e visões de futuro. E essa será a campanha eleitoral desejável: baseada no esclarecimento popular e na fiabilidade das ideias.



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