11 de janeiro de 2009

Autárquicas:

Foto: sapo.pt




Começam-se a definir as candidaturas às diferentes Câmaras Municipais do Distrito. Mas o cenário está longe se admitir concluído. A maior surpresa está na enunciação antecipada dos candidatos socialistas. Este é um dado importante e que reforça e compromete a intenção do Presidente da Federação do PS, Luís Ameixa, que defende uma luta voto a voto pela vitória em cada eleição. Bem sei, e o próprio o afirma, que a ambição de ganhar em todos os Concelhos não é por si só garantia de nenhuma vitória.

Num passado não tão longínquo Luís Ameixa desvalorizou as derrotas em Barrancos, Alvito e Vidigueira, com um inaceitável “são Câmaras menores”. Esta indelicada desresponsabilização política do líder socialista é sintomática da sua interpretação do poder. Talvez por isso não me surpreenda que se o PS não tiver um resultado igual ou superior ao de 2005 não se extraiam responsabilidades e/ou se avaliem consequências.

O facto do PS já ter definido candidaturas a todos, ou praticamente todos, os concelhos é obra de uma dinâmica capaz de resultar em bons resultados eleitorais. Mas o calcanhar de Aquiles do PS continua a ser a vitória em Beja. E em relação a este processo eleitoral parece-me importante a avocação desta conquista para a região e para o PS.

A escolha de Jorge Pulido Valente é – a meu ver – acertada e mobilizadora dessa vitória. O seu prestígio como dirigente público é inquestionável e a sua capacidade de gerar consensos e promover ideias será, sem dúvida, o grande móbil desta campanha.

O que é espantoso é a demorada decisão do PCP relativamente aos seus candidatos. O anúncio que se prevê para Fevereiro do conjunto dos seus candidatos é a meu ver tardio e promove apenas o esvaziamento dos processos eleitorais. Esta é, aliás, uma das tácticas comunistas, que no passado deram frutos e como tal não lhes convém mudar. Quando mais tarde anunciam candidaturas mais difícil se torna gerar dinâmicas de campanha.

Já o PSD tem na sobrevivência política do seu actual líder regional, José Raul dos Santos, o epicentro da sua acção. Importa realçar as divisões em Almodôvar, as acusações trocadas entre partido e o actual presidente camarário e futuro candidato; interessa dar apenas o valor real à recandidatura de Mário Simões em Alvito; e convém entender as motivações – e o desplante! – de Raul dos Santos como candidato à Câmara de Ourique. O risco de obter um péssimo resultado eleitoral no distrito não incomodará Raul dos Santos. A sua capacidade de se reinventar – tal como fez escola com Santana Lopes – é ilimitada.

Em Beja o PSD funciona de maneira diferente: os seus dirigentes são mais apurados e têm uma noção política e de gestão do poder mais persuasiva. Não me espantará a recandidatura de João Paulo Ramoa, contra a esmagadora convicção de comentadores e líderes de opinião. Embora acredite que essa recandidatura beneficiará, indirectamente, a vitória do PCP, o que exigirá mais do trabalho de Pulido Valente. Ainda assim, a ainda não anunciada candidatura do PSD também contribui para o esvaziamento da dinâmica eleitoral.

Como diz o povo “a procissão ainda vai no adro”. Ou seja, lamentavelmente, a urgência de promover debates de ideias e de discutir projectos e opções para o futuro da região é desconsiderada, uma vez mais, pelos partidos políticos (excepção ao PS pelas razões já apresentadas).

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