26 de fevereiro de 2014

LEMBRAS-TE DOS TEUS AVÓS?


A realidade muitas vezes escondida e outras tantas vezes ignorada surpreende. Pela crueldade. Pela brutalidade. Pela selvajaria. Pela desumanidade…
A forma como nos tratamos uns aos outros é uma responsabilidade comum. Como é um dever saber cuidar uns dos outros.
 
 
 
E numa sociedade que tem valores e se baseia em princípios morais sérios, como o respeito e a solidariedade, cumprir essas responsabilidades e deveres seria um acto normal. Quase imperceptível. Um acto puro da mais pura cidadania.
Mas não é o que acontece, como expõe amargamente a reportagem da SIC “Este País Não É para Velhos”. Falhamos sistematicamente na nossa cidadania. E falhamos mais ainda como sociedade quando é no seio das famílias que os abusos ocorrem. Violentos como o segredo que os abafa. É assim com os mais velhos. Mas também com as crianças. E ainda, fatalmente, com a violência doméstica.
Não há palavras suficientes para adjectivar o retrato que esta reportagem faz do sofrimento. Mais que físico, e muitas vezes o é, é um sofrimento com dor calada, com a amargura de uma frustração inimaginável nos corações dos pais e dos avós que são roubados, espoliados das suas liberdades e dignidades. Um falhanço terrível a que não podemos ser indiferentes. Já basta a impotência dos milhares e milhares de idosos que preferem a dor e a morte certa à denúncia do seu próprio sangue.
E em tudo isto devemos reflectir como gente madura. Não há onde individualizar a culpa. Se é verdade que em quase tudo o que nos rodeia é fácil culpabilizar o governo (este ou os do passado e do futuro), a verdade é que não bastam os poderes governativo ou legislativo.
Infelizmente a maior responsabilidade está numa sociedade que se perde de si própria. Que se contradiz nos sinónimos. Que se destrói numa galopante perda de valores e de princípios. Onde a estrear, o valor da família e da vizinhança esmorece como uma tulipa na noite. A obrigação é nossa. De cada um de nós.
É nosso o dever de combater esta mentalidade egocêntrica, que apenas individualiza vontades e ambições, desrespeitando quem cuidou de nós. E quem, apesar do sofrimento, se silencia na escuridão de uma casa, de mãos e pernas atadas.
Portugal só continuará a ser o país esquizofrénico em que se está a transformar se essa for a nossa escolha. E valerá a pena escolher continuar assim?

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