30 de agosto de 2010

O QUE DIRIA MOLERO?



Muitas vezes se centram as discussões no que se diz e no que se pretende ouvir dito, mais do que no essencial valor das coisas. Um pouco como Machado Dinis descreve numa análise dos comentários e dos relatos, também na liderança da oposição ao governo o mais importante parece ser acompanhar o que se diz e se espera agradar dizendo.

Refiro-me a um género de ultimato que Pedro Passos Coelho (PPC) fez ao governo no relançamento da agenda política.

Exigir que um governo decida governar em vez de não governar é, mais que demagógico, um encher de enganos nos ouvidos dos portugueses. Coagir as responsabilidades do Presidente da República é, mais que uma diversão, um acto de altivez arrumada ao poder.

O que PPC não explica são as consequências da instabilidade política para Portugal e para os portugueses, nem tão pouco o que influenciaria o quadro económico e financeiro, ou sequer quais são as suas ideias para resolver os problemas. Sim, ideias, coerentes e sólidas, daquelas que não vagueiam na ondulação dos telejornais, tal como tem feito até aqui.

A verdade é que para o PSD urge criar uma crise política que lhes permita a oportunidade – desta direcção – chegar ao poder. Já perceberam que aguentar um mandato na oposição seria desgastante e demasiado revelador da falta de sustentabilidade das suas ideias, dos seus pensamentos e das soluções que entretanto lhes serão exigidas apresentar para validar, aí sim, uma verdadeira alternativa.


E entende-se que o apelo de bom senso do Presidente da República, lançado este fim-de-semana em Ourique cairá em saco roto: porque a posição do PSD está extremada e não pretende outra coisa que não seja a de dificultar um processo de entendimento, que se prevê necessário.

Pois o que diz Molero – na narrativa de Machado Dinis – não é diferente do que diz Passos Coelho: uma mão cheia de ilusões e de distracções que julga poder contrariar a descida nas sondagens. Mas o que dirão os portugueses desta habilidade palaciana?

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