25 de fevereiro de 2009

O fado de ser grande


Lembro-me dele, a cantar pela primeira vez, era eu o jovem delegado do INATEL, julgo que em 1996 ou 1997, numa iniciativa que organizamos para os funcionários do Hospital Distrital de Beja, onde trabalhava. Nessa altura, julgo, o António Zambujo andava a dar os primeiros passos nestas andanças do fado e já a sua voz se diferenciava com qualidade. Passaram uns anos bons e numa ou noutra ocasião fui sabendo do seu percurso, primeiro como co-protagonista no musical “Amália”, e mais tarde com os seus projectos a solo.

O Tózé, como o conhecemos e tratamos carinhosamente por aqui, tem tido a audácia e a determinação de lutar por um sonho em que acredita. E esse sonho tem vindo a tornar-se cada vez mais real, para nosso orgulho e para encanto nacional e internacional. Nos últimos tempos têm sido constantes as noticias que nos dão conta do seu sucesso além fronteiras, com salas esgotadas e elogios inigualáveis de grandes músicos e compositores. O que o Zambujo anda a fazer é mais que cantar o fado, ou ser um artista como os outros, ele está a construir com sapiência uma carreira única e rara de quem nasceu com um dom e o aproveita sem desperdícios.

Convém referir que o sucesso agora alcançado não é razão para nos esquecermos das dificuldades e do esforço porque passou, porque nada disto é fácil e só a coragem de quem acredita em si pode fazer prevalecer face às adversidades, que julgo terem sido algumas. O Tózé teve que construir a sua vida longe daqui, porque é noutras paragens que estas coisas tomam formam, não é um defeito nosso mas sim a cruel realidade de uma região pequena e atrasada. Mas tem tido a humildade de não esquecer a sua terra e as suas gentes, e onde quer que cante fará sempre do palco um pedaço de chão negro e fértil como o das planícies que rodeiam a cidade onde nasceu e foi criado. Mais que os parabéns o homem e o artista merecem o nosso respeito e admiração.

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