18 de janeiro de 2009

Pax-Julia: Qualidade e opções

O Pax-Julia Teatro Municipal comemorou recentemente 80 anos de existência. Destes 14 foram passados na sombra de indefinições e de obras. Mas nos últimos anos, desde a sua reabertura, o teatro municipal tem vindo a marcar a agenda cultural de Beja e da região. Concordemos ou não com o seu modelo de gestão e com a estética artística subjacente à definição da programação, a verdade é que o Pax-Julia tem crescido em qualidade quando alguns preferem relevar a quantidade. E sobretudo nos últimos meses.

Sou dos que preferem uma programação de qualidade, variada e democratizada. Acredito na potencialidade do Pax-Julia para se afirmar como uma das principais salas de espectáculo, senão a principal, do Sul de Portugal. E é nesta matéria que abordo o equipamento. Por isso não confundo nem centralizo a actividade cultural da Câmara de Beja no Pax-Julia. Não quero questionar pessoas ou lideranças porque isso é matéria de carácter e não me atravessa nenhuma razão para julgar o carácter do seu Director. Poderei discordar de opções suas e isso é tão legítimo como o próprio discordar das minhas. Do que se trata é do entendimento que teremos relativamente à forma de projectar o espaço e a dimensão do Pax-Julia e em relação a isso não posso comprometer o seu Director porque não sei o que pensa.

Mas sobre o que penso: existem três opções possíveis na intervenção cultural do Pax-Julia. Uma que defende uma posição de entidade criadora, produtora e com uma linha estética assumida e liderada por um Director Artístico; Outra que representa uma intervenção exclusiva na programação, mais aleatória e populista; E a terceira que serve ambas as anteriores com suficiente moderação e ponderação face aos recursos. E esta parece-me a mais viável e acertada. Mas para tal é preciso definir prioridades e conceitos e alterar o modelo de gestão do Pax-Julia.

Optar por uma solução mista de programação e de criação acarreta custos e exige conhecimentos e experiência. Mas o aumento do orçamento do Pax-Julia não me parece ser uma questão significativa no orçamento municipal. Desde que o resultado promova a formação de públicos, incentive a criatividade, desenvolva uma programação variada e de qualidade profissional parece-me que seria mais um motivo de orgulho do que de polémica ou de oposição.

Seja qual for a opção, e essa é obrigação do executivo camarário, deverá ter em conta, na minha opinião, a criação de uma empresa municipal capaz de abrir a sua gestão às parcerias, às candidaturas comunitárias e nacionais, ao fomento de uma gestão mais empresarial e menos dependente. A criação de uma empresa municipal de gestão daquela infra-estrutura valorizaria as suas componentes programáticas e as artísticas e torná-la-ia capaz de consolidar um caminho para além dos ciclos eleitorais e dos acanhamentos em cada temporada.

6 comentários:

  1. Amigo Jorge, tenho apreciado os teus posts e a forma isenta da tua leitura da vida do burgo mas este meu comentário justifica-se para te dizer que o link que usas para o Pax Julia acusa virus. O Teatro já foi, creio, informado disso mas ainda não resolveram o problema. O melhor é usares o link do blog deles.
    Um abraço
    Casca

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  2. @ Casca: Meu caro, agradeço a chamada de atenção e peço desculpa aos leitores que induzi em erro, involuntariamente. Quanto à isenção agradeço também as palavras.

    Um abraço.

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  3. Uma Empresa Municipal só para o Pax Julia ou para todos os equipamentos culturais do concelho?

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  4. @ J. Espinho: Defendo uma intervenção alargada em todos os equipamentos culturais. Desta forma rentabilizar-se-iam melhor e seria possível optimizar recursos humanos e financeiros. Parece-me que o mais sério problema esteja em que as acções culturais do concelho não sejam ligados na acção e/ou na estratégia. è do género cada um por sua conta.

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  5. Jorge, com data venia e para não me repetir, deixo link: http://ireflexoes.blogspot.com/2007/11/uma-espcie-de-carta-aberta.html

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  6. @H: Agradeço, com repetida vénia. Um abraço

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