7 de janeiro de 2009

A Incoerência dos critérios


Segundo o semanário regional “Correio Alentejo” o Presidente da Câmara Municipal de Castro Verde, Fernando Caeiros (CDU), renunciou ao mandato de presidente numa altura em que exerce as funções de vogal executivo da comissão directiva do InAlentejo. Esta decisão não é criticável, por ser pessoal, legitima e dentro da legalidade. Poder-se-ia debater a sua moralidade, mas ainda assim acredito que não se trata de matéria moral ou ética. Para falar de Caeiros e do seu trabalho autárquico estão os munícipes que liderou durante 32 anos. A eles lhes compete ajuizar o relacionamento com o agora ex-presidente. Mas é inquestionável o seu valor e o reconhecimento democrático, embora divergindo em opiniões, não deixa de ser de elementar justiça.

Esta notícia vem no momento em que outro autarca da CDU decidiu, para já, suspender o seu mandato: José Godinho, Presidente da Câmara Municipal de Aljustrel, exercerá funções executivas na nova Agencia de Turismo do Alentejo. Por aqui também não me parece reprovável a decisão de José Godinho. É igualmente pessoal, legitima e dentro da legalidade. A questão moral e ética também não me parece aplicável.

Ora, o que torna tudo isto relevante é a dualidade de critérios do PCP!

Quando há uns meses atrás Jorge Pulido Valente (PS) decidiu renunciar ao cargo de Presidente da Câmara Municipal de Mértola, para exercer funções de administrador da EDIA, surgiu por parte dos comunistas um ataque ilimitado e pessoal sobre Pulido Valente: porque abandonou um mandato a meio; porque defraudou a confiança do voto dos seus munícipes; porque lhe dava jeito o lugar de Administrador da EDIA; porque iria ganhar mais dinheiro; porque tanta coisa mais até o disparate e o cinismo se transformarem em condição da argumentação política.

Na verdade, para o PCP todos os que não estão do seu lado coxeiam, e os seus andam direitos e hirtos. Quando um dirigente ou eleito do PCP renúncia aos mandatos, fá-lo por missão e imperativo interesse nacional. Quando um outro dirigente ou eleito por outro partido renuncia aos mandatos fá-lo sempre por uma razão obscura e criticável.

O desplante é ainda maior quando alguém é nomeado para um lugar na administração pública por via governamental: porque são “boys”; porque servem apenas interesses partidários; porque é questionável a competência. Mas quando um comunista ocupa um lugar de nomeação na administração local, ou no associativismo municipal, ou até em empresas municipais, sem outros critérios que não os da confiança política, tratam-se de processos transparentes, de escolhas legitimas e credíveis, do tal imperativo e pela motivação de missão pública.

A ética e a moral discute-se com razão. A ética e a moral aplicam-se em actos contínuos. E não querendo questionar a moralidade e a ética do PCP não posso deixar de sublinhar a incoerência dos critérios.

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