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O presidente da Câmara Municipal de Sines, eleito pela CDU, anunciou a sua desvinculação do PCP. Manuel Coelho era militante do PCP há 35 anos e considera ter sido alvo de “recriminações e acusações” e ainda acusa o partido de ser uma “organização estalinista” e com práticas “retrógradas”. Esta análise do autarca não espantará muitos dos cidadãos que estão distantes do PCP, mas que entendem o funcionamento deste partido.
A questão é relevante em vários níveis: primeiro, quando o PCP decide unilateralmente dispensar eleitos e purgar militantes fá-lo sempre numa perspectiva de coerência e defesa dos interesses internos, e sobre isto não se podem levantar dúvidas ou criticas inconvenientes: tudo o que o PCP decide é sagrado e acrítico, e esta é uma razão óbvia para se perceber tudo o resto; segundo, quando um seu militante ou eleito se desvincula por iniciativa própria passa a ser “folha seca” – como Cunhal apelidou Zita Seabra e outros “dissidentes” –, incapaz de ter vida credível para além da sua ligação ao PCP; terceiro, o Partido Comunista tem, para além da ideologia, uma matriz e uma organização muito específicas, e essas são suas características naturais e inalteráveis. E todos os seus militantes e eleitos têm noção disso, não lhes é escondida a prática, não lhes é omitida a disciplina e muito menos lhes é alheio o método.
Mas o facto de a meses das eleições autárquicas o PCP receber uma baixa desta importância é notícia e motivo de interesse e discussão pública. Tal como escrevi noutro post é razão de alarme e de sensibilidade política o PCP (ou CDU, como for convir) não apresentar candidatos a nenhuma câmara municipal, sobretudo aquelas onde é poder. Todas estas questões são motivo de especulação. Para mim, por razões que desconheço, o PCP está com dificuldades de gestão internas de sensibilidades e de tendências, que embora não reconheça existirem são uma realidade. E uma fragilidade que se esforçam para esconder.
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