27 de fevereiro de 2014

A INSUSTENTABILIDADE DA SOMBRA

Encerro a colaboração conjunta com Alentejo em Linha e Diário do Alentejo sobre actualidade política. A partir de Março escreverei sobre a vivência da "NOSSA COMUNIDADE" em www.alentejoemlinha.pt
 
Agradeço ao Luís Godinho e ao Paulo Barriga pelos convites e pelo privilégio desta publicação conjunta. E a todos os leitores que acompanharam os textos publicados.
 
Nestes momentos de resignação é importante dizer. Escrever. Falar. Provocar a discussão e a diferença. Enfim, o esclarecimento. Foi essa a intenção dos 10 textos publicados.
 
Despeço-me deste desafio com A INSUSTENTABILIDADE DA SOMBRA.
 
Obrigado e até já...

26 de fevereiro de 2014

LEMBRAS-TE DOS TEUS AVÓS?


A realidade muitas vezes escondida e outras tantas vezes ignorada surpreende. Pela crueldade. Pela brutalidade. Pela selvajaria. Pela desumanidade…
A forma como nos tratamos uns aos outros é uma responsabilidade comum. Como é um dever saber cuidar uns dos outros.
 
 
 
E numa sociedade que tem valores e se baseia em princípios morais sérios, como o respeito e a solidariedade, cumprir essas responsabilidades e deveres seria um acto normal. Quase imperceptível. Um acto puro da mais pura cidadania.
Mas não é o que acontece, como expõe amargamente a reportagem da SIC “Este País Não É para Velhos”. Falhamos sistematicamente na nossa cidadania. E falhamos mais ainda como sociedade quando é no seio das famílias que os abusos ocorrem. Violentos como o segredo que os abafa. É assim com os mais velhos. Mas também com as crianças. E ainda, fatalmente, com a violência doméstica.
Não há palavras suficientes para adjectivar o retrato que esta reportagem faz do sofrimento. Mais que físico, e muitas vezes o é, é um sofrimento com dor calada, com a amargura de uma frustração inimaginável nos corações dos pais e dos avós que são roubados, espoliados das suas liberdades e dignidades. Um falhanço terrível a que não podemos ser indiferentes. Já basta a impotência dos milhares e milhares de idosos que preferem a dor e a morte certa à denúncia do seu próprio sangue.
E em tudo isto devemos reflectir como gente madura. Não há onde individualizar a culpa. Se é verdade que em quase tudo o que nos rodeia é fácil culpabilizar o governo (este ou os do passado e do futuro), a verdade é que não bastam os poderes governativo ou legislativo.
Infelizmente a maior responsabilidade está numa sociedade que se perde de si própria. Que se contradiz nos sinónimos. Que se destrói numa galopante perda de valores e de princípios. Onde a estrear, o valor da família e da vizinhança esmorece como uma tulipa na noite. A obrigação é nossa. De cada um de nós.
É nosso o dever de combater esta mentalidade egocêntrica, que apenas individualiza vontades e ambições, desrespeitando quem cuidou de nós. E quem, apesar do sofrimento, se silencia na escuridão de uma casa, de mãos e pernas atadas.
Portugal só continuará a ser o país esquizofrénico em que se está a transformar se essa for a nossa escolha. E valerá a pena escolher continuar assim?

20 de fevereiro de 2014

A PROPÓSITO DA PARTIDA DE FERNANDO TORDO…


 
 
 
 
Porque neste país, tantas vezes mais pequeno que o pedaço de terra onde se funda, é preciso justificar, defendendo, a desesperança, a mágoa, a amargura.
Porque neste país, onde a mesquinhez vive na fraqueza do espirito e da ignorância, é preciso não deixar cair os homens e as mulheres que fizeram muito, tanto tantas vezes, para tornar o disparate livre. E que sonharam outrora com uma liberdade mais pura e limpa do que esta que alguns abusam pela ofensa e pela maledicência.  

É emocionante e repleta de simbolismos a carta de desabafo do filho João ao pai Fernando Tordo. É mais que um desabafo. É um grito de revolta. De mágoa e de tristeza. Não é apenas o filho que escreve, privilegiado. Mas o jovem cidadão, culto, que reconhece a obra e a dimensão do cantor Fernando Tordo.
E deveriam, os que ofenderam a decisão desesperada de Fernando Tordo em emigrar para o Brasil, pensar duas, ou três ou quatro vezes. As suficientes, antes de proferir disparates baratos. Deveriam conhecer o homem e o artista. Entender o significado de um “cavalo à solta” em plena ditadura. E respeitar o valor da cultura. O património dos homens que liga gerações. E gostem ou não gostem Fernando Tordo enriquece a nossa cultura. Torna-a mais tudo e mais de todos. Incluindo daqueles que desprezam a liberdade dos outros.

Porque esses são os que não se importam. São os que se resignaram. Os que aceitam tudo o que de mal é feito a este país: aos cidadãos, aos artistas, aos pensionistas, aos jovens. São os que não querem saber. Os que estão convencidos que os seus mundos não têm fim. São os “novos do restelo”. Um género de civismo incólume. Na arriba. Sempre de olhar superior. De dedo apontado.
Tenho pena que o Fernando Tordo tenha partido. Por necessidade. Por sofrimento. Por cansaço. Tenho pena que mais de 200 mil portugueses tenham partido nos últimos dois anos. Tenho pena. E Portugal deveria ter vergonha de “empurrar” os seus… Mas pelos vistos há quem não sinta a perda de ninguém.

15 de fevereiro de 2014

DANÇAS DO RECONHECIMENTO

" Há coisas boas que acontecem. Pessoas que nos animam o espirito. Gente que se esforça. Que faz acontecer o sucesso. Que nos representam. Que entalham o orgulho na nossa vivência. Mesmo que não os valorizemos como deveríamos fazer. E deveríamos!…"


Para ler na integra AQUI e na edição do Diário do Alentejo.



4 de fevereiro de 2014

NÃO VALE TUDO


Hoje um enorme regozijo tomou conta de algumas pessoas em Beja. Apenas porque Jorge Pulido Valente (JPV) é candidato finalista ao cargo de director-geral da Direcção Geral do Património Cultural (DGPC). Uns porque o desejam ver pelas costas, outros porque observam nesta candidatura um desvio ao percurso político.
Na verdade estamos a falar de um alto cargo na administração pública sob a tutela dos governantes PSD/CDS.

Mas nesse regozijo há várias precipitações: é absolutamente legitimo que na sua qualidade de funcionário público, com curriculum (já lá vou!) se candidate ao cargo; não se pode confundir nem limitar as opções políticas de um cidadão com a sua ambição profissional; muito menos se pode atacar um cidadão porque este entende, bem, progredir na carreira; e finalmente porque se trata de um concurso público e não de uma eleição.

Mas observemos o lado apreciável do processo: JPV é funcionário público, se não me engano é licenciado em história, tem um curriculum enriquecido como director regional do ambiente, administrador da EDIA e presidente das câmaras municipais de Mértola e de Beja. Todos cargos exercidos com a marca do PS. Ou por nomeação ou por eleição. E isso quer dizer apenas o que está escrito. Nada mais.

Mas há mais. Vejamos alguns exemplos: sabemos que JPV tem conhecimento de causa na área do património cultural. Conhecemos o trabalho que realizou em Mértola. A sua ligação e pensamento sobre o Museu de Beja, que considera ser possível resolver exactamente pela direcção-geral que se propõe dirigir. E esta é uma excelente perspectiva. E por mim, só isto faz merecer a escolha do secretário de estado.

Pois, enganam-se aqueles que apenas enfatizam a maledicência. Nisto da política não vale tudo. Não esperem por uma direcção-geral sombra caso JPV não seja o escolhido. Nada disso. Não vai haver espectáculo. Nem camarote. Este é apenas um momento normal dos concursos públicos para dirigentes da função pública. Apenas isso. E absurdamente legitimo!

31 de janeiro de 2014

O NOVEL GOVERNADOR

 
"... que legitimidade tem o deputado em exercício do PSD de convidar membros do governo e altos dirigentes do Estado para validação e corporização da sua agenda político-partidária? Que razões terão os convidados para aceitarem tais convites, vindos de um mero deputado com exclusivo interesse partidário? Sabemos uma coisa: todos dependem do poder vigente."
 
 
 
Para ler na íntegra AQUI e na edição do Diário do Alentejo.